domingo, 18 de março de 2018

Oh, Cabo Verde!...
Minha terra de saudade,
Minha terra amada.
Tu que me viste nascer
Tu que me viste partir,
Eu que vivo o teu alento
Eu que almejo o que de bom tens.
Na memória trago a tua cultura
E as diferenças de cada Ilha.
Nos olhos trago as luzes que aos poucos ficaram para trás...
O Pico do Fogo, só o perdi de vista
Quando o avião se perdeu no azul do céu...
As tuas ilhas no meio do atlântico
São espólios intocáveis,
Guardadas no meu sentimento.
O azul do teu mar é o azul
Dos meus olhos.


José Maria... Z L

Era uma vez...
Numa aldeia pobre e humilde
nasceu um menino,
antes do tempo em que
as cegonhas transportavam bebés.
Nasceu privado de ilusões,
com pouca expectativa de esperança...
Pois..., seus
olhinhos desconheciam o verde.
Desfolhar livros, era difícil...
Difícil era correr entre as gotas da chuva,
ter água abundante e brincar com lama.
Falo d'Africa!
Tantas vezes, entre risos e gargalhadas,
juntavam-se nuvens no céu...
Criando falsas promessas,
para depois se desvanecerem em nada.
Era um tempo de incerteza...
As soluções estavam na criatividade
e na união...


José Maria... Z L

Na vanguarda de uma amizade está o respeito a cima de
tudo, inde-
pendentemente, da cor, da raça ou da religião.
Um dia alguém criou um "grupo SORRISOS NOSSOS",
uma mente iluminada,
que com o seu esforço e determinação, deu-nos a
possibilidade de
juntarmos as mãos, com afectividade e paixão.
Aqui somos todos nostálgicos...
Profetas das palavras; criamos e pintamos quadros com
magia.
Eu, com algum desvario, às vezes digo que sou poeta...
É tão ténue essa ideia, que
por vezes, quase que me acredito num por-de-sol de um
dia invernoso.
A nossa mente iluminada, Helena Santos e os Directores,
sem oscilações, comandam o
grupo e levam-nos ao oásis do porto pretendido.
Na avidez do tempo, pintamos as
nossas palavras com cores e amizade.


José Maria... Z L

Só tenho olhos para ti.
Mesmo assim, vislumbro a claridade
da lua e o azul da primavera.
Chegam as ondas mansinhas.
Trazem o cheiro à maresia e o perfume
doce do teu olhar de prata.
Meus olhos morreram nos teus.
Quando o outono despiu as árvores
na quietude de um sonho.


José Maria... Z L
Atravesso o teu olhar como quem atravessa a aurora
de uma manhã.
O meu lugar é aqui...
Sentado no tempo, observando a antiguidade do sol e o
cântico das aves.
As marés trazem-me melodias por decifrar e a sonoridade
azul da primavera.
As palavras que murmuras-me no silêncio do teu olhar
são arco-íris
ousados, de uma madrugada quente.
Eu chamo o
teu nome, sem saber onde moras...


José Maria... Z L

Faço jus de que o dia da mulher seja todos os dias...
Como tal, sou
eternamente apaixonado pelo romantismo e pela
igualdade de géneros.
Era-me impossível deixar passar este dia sem dar
uma palavra de
apreço à minha incansável mulher, minha mãe, irmã,
todas as
mulheres da minha família e amigas.

A mulher é um ser doce amável e forte,
exala o perfume de todas as flores e cores...
A mulher é indispensável, sensível e
ama com olhos de eternidade.
Cada mulher é uma flor... que
encanta,
no aconchego do seu espaço.
A meiguice do seu olhar, tu, doce mulher,
cativas corações, e
fazes jus ao
teu lugar de mulher.
Amo o teu ser e por amor, eu vim
ao mundo.

José Maria... Z L

O céu hoje está mais perto e mais azul do que ontem.
As estrelas estão mais brilhantes...
As nuvens dissiparam-se na força astral do tempo.
O vento fustigou os pássaros que seguiram a linha
do horizonte...
A utopia de um sonho... nada, vencerá o lânguido desejo
do querer.
Não é a idade do tempo que determina as
fases da lua.


José Maria... Z L

As minhas noites são curtas
e as vezes difusas...
mas é nelas que eu bebo as trovas
dos meus poemas.
A pálida mudez da noite,
pode ser uma casa fechada
onde o poema não atravessa a parede...
e morri, no vazio da concha.
A profundeza da noite
leva-me quase sempre ao fundo dos teus olhos
e, aí, passo horas permanentemente
agarrado aos teus abraços.
O teu corpo
é a minha casa...


José Maria... Z L
- A casa dos meus pais tinha uma porta vermelha
Quando passo pela cruz da Graça, quase sempre recebo uma graça, e ao entrar
em Rebelo, sinto a magia do quanto é belo a minha aldeia.
Sinto o cheiro da terra
quando começo a ver os campos por onde eu andava e as vielas por onde eu corria.
As casas emergem do escuro à medida que me aproximo!...
Vou quase sempre à noite.
Desfruto todo o silêncio e a magia que só encontro, onde,
eu nasci.
Levo comigo na mente fraterna, todos os amigos com quem
eu convivi e as
mais belas recordações alguma vez vividas.
-Chego a casa dos meus pais: ela está fechada.
A porta principal, simboliza
a arcada do meu castelo, onde tantas vezes eu entrei e saí; volto a entrar.
Sinto cheiro a velho, sinto a magia de tudo o quanto ali eu vivi e convivi com os meus pais e
meus irmãos, as lágrimas vêm-me aos olhos quando recordo, que, nunca mais terei
aquele saudoso abraço de uma das pessoas que me deu a vida...
Triste!...
Percorro os três quartos, devagarinho, em cada canto vejo
uma história vivida, um amor tatuado
na velha parede, dá-me mágoa: por que tem que ser assim a vida?
Vejo ainda as marcas das minhas tenras mãos nas paredes
de, quando, eu dava
os meus primeiros passos. Vejo o meu sorriso em cada ombreira das portas,
quando, a minha mãe vinha a entrar de lenço branco
na cabeça.
É nostálgico o
meu olhar sempre que regresso à aldeia.


José Maria... Z L

Fosse eu o sol e do meu esplendor,
aqueceria o teu dia...
Fosse eu a lua e do do meu alto,
iluminaria a tua noite...
Fosse eu o poeta, sim... aí,
escreveria este poema para ti.
O surreal agridoce que beija o fogo...
O intempestivo sussurrar vago do vento...
A ousadia apócrifa da primavera,
contrasta com a meiguice do teu olhar...
-Determinam cada ruga tua, como
estrofes de um poema, na
ânsia de um beijo teu.


José Maria... Z L
meus olhos atravessam a vidraça...
a chuva não dá tréguas...
as sarjetas não vencem a força d'água.
meus planos desvanecem-se com a aurora
branca do dia!
hoje,
o meu sonho morre à nascença...
o meu desejo é um crepúsculo vazio...
hoje,
não passarei d'um mísero tocador fantasma,
de uma rua sem gente.


José Maria... Z L
Dir-se-ia que a noite vinha devagar e que a única voz que
se fazia ouvir,
no meio do silêncio, era a tua.
Dir-se-ia que eras a metamorfose das horas mortas, das
trevas e dos fantasmas.
A noite vem dormir nos meus braços e traz com ela a
nostalgia de
um tom musical, ainda sem pauta: escrita por ti.
E, na profundeza
abissal dos teus olhos, eu durmo e sonho com a fantasia
de percorrer o
teu corpo de mulher e nele deixar um tom poético.
A noite não é
mais do que um vale profundo e inconstante, onde
a lua dorme.


José Maria... Z L

No lívido dos teus olhos
atracam os meus, num silêncio profano.
Procuro no recanto das palavras
os versos d'um poema que me inquieta,
que me seduz,
mas, a inspiração traí-me...
Nesse poema quero falar de ti,
de teu nome,
de sentimentos, sem entrar...
na profundeza das cores ousadas.
Teus lábios murmuram-me baixinho
num tom de mel,
que me deixa sôfrego.
Teu corpo é um poema... ainda
sem nome.


José Maria... Z L
[...] não te percas no abismo d'um olhar
nem num sorriso branco de uma noite,
o abissal de uma maré inoportuna
poderá ser um crepúsculo vago...

José Maria... Z L
diz-me se os meus beijos têm o sabor dos de ontem
se ainda sentes os meus dedos a percorreram a tua pele
se ainda tens o teu corpo tímido, a tremer
e se te lembras do meu calor?
eu ainda lembro-me do sorriso caído do teu rosto
na eternidade daquele beijo,
ainda tenho o teu perfume no meu lençol
e a tua presença esbelta anda pelo meu quarto!
às vezes sinto-me aturdido pela mágoa da distância
a tua imagem doce que o vento não me traz
a pura consciência d'um querer absoluto
rouba-me a razão do meu sorriso.


José Maria... Z L
As palavras que eu encontrei no meu âmago prenderam-me
ao meu sofrer,
e, só, perderei a minha inspiração quando eu
morrer.
Elas chegam contigo quando a matiz da tarde me vem
visitar, e
quando o teu beijo morrer no céu da minha boca.
É efémera a
avidez com que o tempo corre entre a metáfora e as pala-
vras macias,
d'um poema por escrever.
O Arco-íris é
só mais uma pétala que se abre com o teu nome.


José Maria... Z L

- O tempo ainda cheira ao teu perfume
Olho o ontem e o anteontem e num olhar lívido, sinto
o cheiro d'aldeia.
Lembro-me com ênfase dos abraços que a aurora trazia
pela manhã, em cada rosto familiar.
Tu, meu irmão,
amigo, lembras-te do verde que vestia a nossa aldeia, da
azáfama em
cada um de nós nas manhãs outonais?...
Lembras-te das moças que corriam pelo campo, com seus
cabelos d'anjos e
sorrisos, com sabor a eternidade?...
Éramos deveras felizes!
É tão efémero o
tempo, como a nostalgia que hoje trazemos no olhar.
A incoerência do
homem levou à erupção da natureza, e com isso destruíram
o nosso oásis: para on-
de levaram o nosso verde?
Em cada estrofe há uma perspectiva. A nossa é
imortal, como os cânticos das aves.
- Foto ZéZé Lopes


José Maria... Z L

sexta-feira, 9 de março de 2018

Não importa onde moras.
Se gostas?
É porque tem a sua graça!

José Maria... ZL

- Tive sonhos
Andei séculos para trás sobre o nada...
Vasculhei o passado d'um tempo
Que ainda persiste...
Encontrei o amor em tudo quanto eu fiz.
Faria tudo de novo, à luz dos dias.
A minha vida é como uma árvore vestida de azul...
Nem a força imaculada d'um outono a despe
Muito menos o desvario de um tempo,
Que julga ter a força da profecia.
A minha história é um livro aberto...
Com folhas em branco
Vestidas de afectos.
As folhas andam ao sabor do vento...
E na avidez do tempo
Buscam a razão de tudo,
Por onde eu andei...
- Ando por aí!...


José Maria... Z L

Pintei a tua imagem no azul do mar e, agora, vagueias nas
ondas do meu coração.
No declive das marés ris para mim, um riso aberto
e serpentino,
vindo dos teus lábios sedentos.
O meu sangue corre em direcção à foz, onde banha-se no
verde dos teus
olhos e, morro na praia do teu corpo.
A mudez desse
céu azul, é como sussurrar deste teu coração branco-puro,
que, eu pintei,
entre o gélido e a quietude de um amor onírico.
Vago é o
espaço nostálgico que nos separa.


José Maria... Z L

Quando a noite vier repousar no meu colo, muitas vezes, as
minhas palavras
morrem ao nascer, outras tantas, adormecem num olhar
enternecido.
O escuro da noite persegue os meus sentimentos, enquanto
percorro as
ruas, em busca d'uma explicação: por quê tanta
crueldade?
É nas noites que eu tenho medo de encontrar as ruas e as
praças cheias
de fantasmas, que atropelam a minha sensibilidade.
Dir-se-ia que há olhares indecifráveis..., concordo!
Mas este, tráz,
na fundura abissal da solidão, uma tristeza, que quase a
dilacera, o coração de mãe.
Seus sonhos estão transformados em augúrios.
Os meus, estão
tão vazios, como o manto de retalhos com que eu sempre
vesti...
Mas, acreditarei sempre num amanhã melhor e já mais
perderei a luz do farol amigo.
- Foto da net


José Maria... Z L

Quando a madrugada veste-se de solidão
Os meus olhos choram com razão,
Às vezes por lamento
Outras, por não ter sido compreendido.
Entre o sono, o sonho e a realidade
Parto para uma outra cidade,
Na minha nau, que me leva de volta
À terra da minha amada.
Bendito são aqueles que sabem amar
E tem alguém com quem se aninhar,
Fazem com que as flores exalem
Perfumes do seu jardim.


José Maria... Z L

Pedra sobre pedra, construí um templo no cimo de uma
colina, onde
onde os meus sonhos habitaram quando eu era
criança.
Hoje cresci. Já não tenho medo do escuro da noite, nem
do abismo e
nem de um sôfrego desejo que poderá ter morrido,
enquanto
oscilava o meu crescer.
Não tenho dúvida que as lágrimas dos teus olhos que às
vezes, eu ve-
jo, são o sussurrar de um amor que percorre um deserto
infértil, onde,
o vento fustiga o mesmo templo que em tempo eu cons-
truí com o meu âmago.
Pedra sobre pedra, o templo resistirá ao açoite agreste e
o desvario
tempestuoso, da vida. Isso prova, de que, tudo o que é
feito com
afecto, não haverá frieza, nem loucura que o destrua.
O meu templo manter-se-á intacto até que o
tempo morra. 


José Maria... Z L

Andei pelas ruas estreitas da vila
Subi as escarpas surreais de um trilho,
Procurei o teu olhar na penumbra da noite,
Toquei o teu cabelo doirado d'um anjo azul,
Os teus lábios souberam-me a eternidade.
Andei pelas linhas ténues do deserto
Procurei por uma Ilha desconhecida e por um farol,
Segui os pássaros que vinham do sul,
O vento abriu o teu casaco de linho e eu vi
Os teus seios laranjas apetecíveis.
Se uma noite ou outra, vier devagar,
Encontrar-nos-emos noutra vida.


José Maria... Z L
- Cabo Verde
Sentado na esquina do tempo
Vejo tudo o que me rodeia,
Decifro o que há para além do meu olhar!
Da vida, abraço a parte mais bela.
Atravesso a melancólica madrugada
Abraço a aurora macia d'manhã,
E com a chegada cálida da tarde
Beberei a água da fonte que um dia me matou a sede.
Todo o tempo tem o seu designo
O meu é de te abraçar, oh Linda Amada!...
-Terra que me viu partir.


José Maria... Z L
O verde que cobre a Ilha, suas casas brancas, o mar que
beija a rocha
negra, são desígnios que acalentam o meu olhar.
Olho o horizonte e
vejo as nuvens brancas, distante fito o meu olhar sobre
um mar azul
que me traz saudades. Lembro a minha terra morena.
Sinto-me preso às
Ilhas e aos silêncios dos Ilhéus, é como se eu vivesse num
casulo de lirismo,
onde a poesia nasce em cada olhar e em cada aurora.
Não!...
Não é quimera nem utopia!
São as ondas das marés, é o cheiro do mar, é o perfume das
das Ilhas que me
conquistaram: há uma nostalgia em cada manhã quando
olho o esplendor do dia.
--Sou ilhéu e corre-me no rosto as brumas.


José Maria... Z L

A natureza é o meu campo, é o meu berço. Foi onde
eu iniciei
os meus passos, os meus sorrisos e os meus
abraços.
Foi no campo que eu cresci, que eu amei as acácias
e as orquídeas,
que eu semeei flores e amores.
No campo eu escuto o som dos pássaros.
Perante a
avidez com que nós destruímos o mundo, sob olhares
coniventes
daqueles que se julgam impunes.
Pagaremos todos: brancos ou pretos.
Acalento o meu sonho verde, de ver os campos e as
amendoeiras em flor. 


José Maria... Z L