segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Deram-me a vida,
os sonhos,
os caminhos,
e ensinaram-me a andar.
A força da juventude
iludiu-me,
fez-me crer que tudo era fácil
até que a razão veio à tona,
quando o corpo e a mente sangram
com as peripécias da vida.
Andei sobre os socalcos
e doeram-me os pés,
quando procurei entender a idade da terra
e a geografia da vida.
Educaram-me que a vitória se festeja no fim
apontaram-me o caminho,
e nunca mais parei...
Nunca me disseram que era fácil. 


... E eu desconheço o desistir.

José Maria... Z L


sábado, 13 de agosto de 2016

《...》voando nas asas do tempo
entre a dúvida e o medo,
podes chegar ao fundo da questão
ou a própria perfeição...

José Maria... Z L

Fui à janela ver a noite
vi a ponte iluminada,
vi o Tejo
a dormir no dorso d'uma cidade
adormecida.
Andei pelas ruas de alfama
mas foi nos bares da moraria
que escutei o fado.
Da minha janela sentado sobre o nada
corri a cidade que eu conhecia,
e as histórias que eu desconhecia
li-as,
nos livros das memórias.
Visitei monumentos nas horas mortas
d'uma cidade fantasma,
bebi o silêncio das ruas
que noutra hora o barulho e a poluição
fustiga,
até os mais insensíveis.
Lisboa cidade bonita,
cidade que me encantou nos anos setenta,
aqui eu perdi-me tantas vezes
à procura de mim...
Aqui eu me encontrei.


José Maria... Z L

domingo, 7 de agosto de 2016

No silêncio da noite
na intimidade do teu quarto
teus olhos pedem mil e um abraços.
[...] e sono que não chega!
- Foto Sensuality in Art

José Maria... Z L

sábado, 6 de agosto de 2016

Na cascata do velho templo
quase na idade da pedra
o teu olhar era um rio
adormecido.
...Na infância
banhei nesse rio.


José Maria... Z L

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Sabes!

Vou ainda à mesma praia,
olho o mar,
"expectante da tua chegada
numa onda qualquer".
N'areia escrevi o teu nome,
por ti eu chamo,
da tua voz
eu tenho saudades.
De ti eu não sei nada.
Sabes!
esta noite beijei-te
e por ti,
espero aqui n'areia
d'onde tu partiste.


José Maria... Z L

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Mãe negra, tu que levas
o fruto do teu ventre às costas,
o cesto à cabeça
caminhas sobre esta terra árida,
à procura do sustento
para o teu filho.
Mãe negra, tu que cedo levantas
com olhos de esperança, preparas
o cesto
e o teu filho,
para um novo dia
uma nova caminhada.
Mãe negra, tu que ao teu filho de comer dás
muitas vezes sem comer saías
à rua descalça,
deslizas sobre esta terra quente
sempre com sorriso confiante,
mesmo com coração apertado
ao teu filho transmite o conforto.
Mãe negra, tu que a casa regressas
cansada, à noite fazes as contas
preparas a cama
o filho deitas,
tu tens sono
mas tens que preparar o cesto.
Mãe negra, tu já te podes deitar,
mas, tens lágrimas no olhar,
o cansaço é o teu companheiro
a quem dormes agarrado,
amanhã será um novo dia
por ventura a mesma rotina.
Mãe negra,
porque trazes o teu filho no coração
porque trazes a África tatuada na tua pele?
Porque amo o meu filho
porque amo a minha África.


José Maria...Z L

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

L Poemas e Poesias

És o meu tesouro!

José Maria... Z L

Lisboa acordou deserta
e chovia torrencialmente!

Os meios "tostões" de pessoas
que nas ruas se encontravam,
abrigaram,
sarjetas vencidas pela força d'água,
assustavam
até os mais inocentes.
"Anos 70"
encontrava-mos na estação do
cais do sodré,
apreensivos,
quando ela entrou
com seu vestido transparente,
molhado,
mostrando seu corpo esbelto.
Do seu cabelo longo
corria água sobre seus ombros,
seu rosto molhado
escondia a tristeza,
de quem procurasse
por alguém que não vem.
Sob o olhar de todos,
olhou os cantos da estação,
confirmou a desilusão,
saiu a rua,
à chuva
perante os olhares curiosos,
desapareceu ao fundo da rua
que a leva de volta.
Era a menina mais linda que eu visse.
[...] ainda me lembro.


José Maria... Z L